Agora vai, Paraguai!

Depois de um atraso nos planos iniciais pra 2025, que previa minha mudança em abril último, a passagem - só de ida - foi comprada para agosto.
Inicialmente eu pretendia ir de vez. Empacotar tudo, vender o que não valeria a pena levar, vender o apartamento e não olhar para trás. Eventualmente poder receber meus irmãos - os que tiverem interesse e condições de pelo menos conhecer o país.
Mas alguns imprevistos financeiros me obrigaram a adiar alguns meses a ida, além de repensar a estratégia.

Tenho uma natureza muito "pé no chão", pensar muito, analisar, estudar uma ação antes de tomá-la e percebi que - por mais que tivesse estudado e visitado o país - ainda assim estava sendo muito "radical" em não pensar em um plano B. Foi aí que decidi não levar muito, manter o apartamento e ter sempre um valor reservado para o caso de "dar ruim" por lá e precisar voltar. Coisa que espero não precisar fazer, lutarei para não fazer, entretanto é sempre bom ter alternativas e não precisar do que precisar e não ter. Sempre pensei assim.
Com esse novo pensamento, a única coisa que levarei serão roupas e meu computador. Dando tudo certo, volto para levar o resto. Se der errado terei pouco prejuízo em mudar de volta.

Agora, uma coisa que me deixa bem inseguro quanto ao futuro é sobre o que farei para me sustentar por lá.
A minha ideia, com a venda do apartamento, seria adquirir terrenos e construir casas por lá. Morar em uma e alugar as outras duas. Mas sem a grana da venda serei forçado e sair da minha "zona de conforto" e enfrentar situações diferentes das que já passei por aqui. E com um conhecimento de espanhol deficiente!
Minha natureza sempre foi a de buscar soluções, resolver problemas e executar demandas, tudo dentro da minha área de atuação - quando possível. Mas empreender, seja nas coisas mais simples, eu me perco por completo. Não consigo focar em uma coisa e me entregar. Vejo várias caminhos, todos parecem possíveis e ao mesmo tempo não consigo dar o passo inicial em nenhum deles.
É realmente a minha maior deficiência.
Com isso em mente foi que achei melhor repensar minha estratégia de mudança e focar em um período experimental. De seis meses a um ano para avaliar se consigo me sustentar sozinho, sem depender das reservas ou ajuda, e se com essa base começo a evoluir e crescer dentro do país, como um membro útil e prestativo daquela comunidade.
A fluência em espanhol - e quem sabe até guarani - pode vir com o tempo, acostumando o ouvido ao som das pronuncias e novas palavras do idioma. Quanto a isso não me preocupo tanto. O que não desejo nem de longe é ser um "parasita", alguém que só consome recursos sem oferecer nada em troca. Por mais que tenha acumulado uma boa bagagem de experiências práticas em vários ramos de atuação - a maioria dentro da informática e tecnologia - não conheço o mercado do Paraguai, muito menos possui um networking em Ciudad del Este, onde pretendo me estabelecer inicialmente.

É uma aposta. Uma grande aposta!
E um grande investimento feito, tanto nas idas e vindas durante o processo de documentação, quanto no período que pretendo me manter por lá. Tudo isso porque o Brasil não nos permite mais uma vida digna. Aliás, nem mesmo uma vida! Visto que a criminalidade anda livre, leve e solta e sem punições. Punido é aquele que tenta ou consegue se defender.
No Brasil se você defende sua vida às custas da vida do criminoso você é quem é preso. Já se o criminoso tira sua vida nada acontece a ele, ficando livre para ceifar outras vidas, enquanto você - na melhor das hipóteses - vira mais uma vítima a somar tantas outras na tabela das estatísticas da violência.
Por essas e outras razões - e por mais de adorar e sentir falta de tudo que o Brasil oferece de bom - é que decidi apostar nessa alternativa. A única financeiramente ao meu alcance neste espaço de tempo.