Adobe ataca novamente!
Recentemente a Adobe parece ter irritado seus usuários com mudanças "repentinas" - pra não dizer sujas e sacanas - nos termos de uso da sua suíte de aplicativos.
Não fosse suficiente mudar o modelo de serviço de compra única para assinatura mensal, coisa com a qual os usuários até passaram a se acostumar e aceitar - e eu culpo a Apple por essa moda - agora ela resolveu "sequestrar" tudo que os usuários pagantes possuíam na nuvem do serviço, a Creative Cloud, até que os mesmos aceitassem os novos termos. E não, não havia opção de recusar.
Não é de hoje que a Adobe testa a paciência dos seus usuários. E eu não estou falando dos frequentes bugs e crashes de programas de ponta como Premiere e Photoshop e sim de práticas "carrascas" como proibir que usuários utilizem versões antigas de seus programas, mesmo que sejam usuários pagantes de longa data.
Isso só foi possível com a mudança do modelo tradicional de venda de softwares para o modelo de assinaturas, ou aluguel como eu prefiro chamar, lá por volta de 2013.
A polêmica da vez é uma alteração nos termos de uso da plataforma onde seus usuários devem concordar em ceder a Adobe os direitos de acessar seu conteúdo pessoal através de métodos automatizados ou manuais. Alguns desses processos seriam para utilizar a criação dos usuários salvas na nuvem para "melhorar os serviços e softwares". Mas não somente isso, neste mesmo parágrafo a empresa ainda diz que ao aceitar estes termos o usuário cede a Adobe os direitos não exclusivos de utilizar, modificar, distribuir, modificar, usar como base, fazer uso público e traduzir o conteúdo do usuário - que já PAGA pra usar o software.
Lembrando que "melhorar os serviços e softwares" pode significar qualquer coisa. De qualquer forma o que acontece aqui, na minha opinião, é que o cliente paga pra usar um serviço ou produto e agora a empresa que presta o serviço quer ter o direito de melhorar seu produto utilizando-se do trabalho de seu cliente.
Detalhe que eles até especificam o tipo de trabalho que eles consideram para se apropriarem. Não se limita apenas ao conteúdo que o usuário mantêm nos servidores da empresa, mas sim a qualquer conteúdo que tenha sido enviado, importado, mesclado, ou criado utilizando seus serviços ou software.
Resumindo: se você cria um vídeo, edita uma foto, trata um áudio ou cria qualquer coisa utilizando um programa da Adobe eles tem o direito de utilizar esta criação no que quer que seja que eles queiram, estando na nuvem deles ou não.
Tá certo que pra que eles tenham acesso ao computador de alguém que não utiliza os serviços de nuvem da empresa é bem mais complicado, porém lembremo-nos de que estes programas são proprietários, ou seja, não se sabe o que ele pode estar fazendo nos bastidores do computador.
O ponto aqui não é se a Adobe saberá ou não do que é feito usando seus programas, mas sim a insanidade deles colocarem seus clientes - novamente, clientes PAGANTES - contra a parede e afirmar que tudo que é produzido por eles é em parte propriedade da empresa.
Pra quem não entendeu ainda, é como se você comprasse tinta para pintar sua casa e o dono da loja que te vendeu esta tinta se tornasse coproprietário de tudo que você pintasse com ela, podendo vender, alugar ou modificar sem seu consentimento, afinal você concordou em comprar a tinta dele.
Para ser justo esta modificação ocorreu desde 2022, mas como sabemos todos nós adoramos ler termos de uso e mal podemos nos controlar para ler páginas e páginas de novos termos assim que eles são modificados. #sarcasmo
Por este motivo demorou tantos meses até essa bomba explodir.
Não fosse suficiente essa manobra canalha por parte da Adobe, novas atualizações do pacote Creative Cloud vem testando a paciência dos clientes, pois eles - principalmente o Premiere - estão trazendo mais bugs do que funções, como relata o canal do YouTube Premiere Basics.
Outro canal que comentou sobre as manobras da Adobe foi o Louis Rossmann, onde ele explica para sua audiência o que a empresa pratica de forma descarada sob sus base de clientes pagantes.
As queixas se multiplicam e muitos usuários cogitam alternativas para migrar seu workflow como outros já fizeram anos atrás quando a Adobe começou com essas práticas parasitárias.
Felizmente essa prática que fragilizou a hegemonia da empresa promoveu o surgimento de alternativas como o Affinity Photo, que substitui o Photoshop, o Affinity Design, para o Illustrator e o Affinity Publisher, para o Adobe InDesign.
Sem mencionar que são programas que trabalham no modelo tradicional. Ou seja, você paga pelo software, não pelo aluguel. Um pagamento único pela versão, e outro apenas quando houver o lançamento de outra versão mais avançada, ainda assim com um desconto de atualização. Os valores são bem mais acessíveis quando comparados a mensalidade de um programa da Adobe.
Sem mencionar que o grande concorrente da Adobe, a Blackmagic Design, tem investido pesado em seu software de edição DaVinci Resolve. Ao longo dos anos ele vem ganhando cada vez mais usuários e mídia, embora ainda seja um competidor novato, apresenta o grande atrativo de ter uma versão gratuita, livre para usar como bem se queira, por quanto tempo se queira. Além deste atrativo, as diferenças e limitações entre a versão Studio e a gratuita tem sido reduzidas nas últimas atualizações, o que facilita ainda mais a adoção do programa.
Fale a pena mencionar também que para adquirir a versão Studio é necessário apenas um pagamento único de US$ 300. Com este único valor o cliente adquiri um software de edição, finalização e tratamento de áudio para a vida, pois todas as futuras versões do DaVinci Resolve são fornecidas sem custo adicional.
Com todo esse cenário atual é previsível que Adobe acabe perdendo cada vez mais clientes pagantes para a Affinity e a Blackmagic. É uma questão de adequação individual ao novo fluxo de trabalho. Isso se não houver uma mudança de rota da Adobe para deixar de parasitar seus clientes pagantes.
Eu mesmo parei de usar programas da Adobe quando migrei para o Linux alguns anos atrás. Passei a utilizar programas open source desde então, entre eles os carimbados GIMP, Inkscape e Audacity, além do KDEnLive para edição de vídeo. Entretanto hoje já faço uso do DaVinci Resolve para as edições e venho trabalhando em adaptar minha longa experiência com o After Effects para o DaVinci Fusion, sendo este minha única dificuldade na mudança.
Infelizmente a Adobe resolveu mudar sua estratégia comercial anos atrás para hoje culminar em uma parasitagem em cima do trabalho de sua base de clientes pagantes. Que triste fim. Mas parece que ela está destinada a ele caso não perceba seus erros e comece a tratar o cliente como ele deve ser tratado, com repeito e dignidade.
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