Pedro e o Golpe
No dia 5 de dezembro de 1891 morria em Paris Dom Pedro II, último regente do império do Brasil, deposto pelo golpe da República de 1889.
Ultimamente tenho pensado muito sobre os últimos dias de seu reinado e como tudo que aconteceu então nos trouxe ao momento atual do Brasil. Um processo lento, complexo, cheio de sussurros e planejamento entre as sombras. Assim como para Pedro II deve ter sido.
Muito é dito sobre os tempos do Brasil Império, principalmente de forma negativa. Mas quero crer que muito do que se diz de bom e de ruim precisa encontrar equilíbrio com a época em que se vivia, com as pessoas que lá tinham suas vidas. Se estavam realizadas, se havia esperança de dias melhores com o Império, ou se era algo atrasado e que precisava ser mudado, mesmo que à força (derrubado).
Pelo pouco que li se fala muito da honra, do amor e do carinho com que Pedro II lidava com seus compatriotas, sendo ele próprio brasileiro. Acredito que era amado pelo povo, acredito que fosse querido e defendido por este, que levou em seu coração até seus últimos dias nessa terra.
O Brasil Império tinha seus defeitos e problemas. Afinal onde está o ser humano que não há problemas? Mas a vida parecia próspera uma vez que Pedro II começou e reger o Brasil, até então controlado por tutores deste, que não viam as pessoas com o mesmo olhar de carinho do seu herdeiro real. Muito me dói ao saber que coisas ditas sobre essa época não passaram de difamação política com o intuito republicano de manchar a família real brasileira, justificando assim o golpe aplicado contra monarquia e o eventual exílio dos mesmos, proibidos eternamente de regressar ao Brasil.
Família imperial em Petrópolis, 1889. Última foto na casa da serra.
Traço um paralelo com os eventos atuais, por mais que seja inconsciente, pois vejo o quão este atual governo, imposto inaturalmente através do golpe militar de 1889, tem se tornado cada vez mais tirânico e artificial, impondo suas vontade à uma população adestrada por décadas de lavagem cerebral em instituições de “ensino” controladas pelos mesmos. Nos tornamos zumbis cuja única função é produzir para sustentar um sistema corrupto e inchado, que por sua vez tem como única função se manter de pé para sulgar mais do hospedeiro entorpecido. Somos calados e condenados a castigos mais crueis do que criminosos, estes sim, beneficiados pelo sistema como vítimas da sociedade.
É uma total inversão de valores. A república trouxe uma chaga aos indivíduos e famílias brasileiras que não existia antes de sua imposição. Década após década esse verdadeiro regime golpista se reinventa com novas regras e novas formas de espólios à população, sob o pretexto de auxiliá-la, quando na verdade apenas busca se manter no controle. Mentiras, traições e ambição cada vez maior por poder. Estes são os ingredientes da república federativa do Brasil.
Vendo tudo isso acontecer me pergunto se este era o objetivo final da república quando derrubou por força um monarca querido pela população. Será que estaríamos em melhores condições sendo uma monarquia? Será que as coisas poderia estar melhores caso Pedro II tivesse se mantido como imperador regente do Brasil? Não sei. Mas ao que tudo indica essa república, imposta antidemocraticamente com um golpe militar, ainda trará dias muito sombrios à todos.
Totalitarismo, autoritarismo e usurpação podem muito bem resumir boa parte da história da humanidade. Mas no meio de tudo isso ainda há esperança para que algo de bom surja. Talvez não agora, talvez não amanhã. Inclusive pode até levar séculos, como muito da história leva para ser escrita – nós é que achamos que tudo aconteceu rápido pois apenas lemos os relados que tais personagens viveram, como nós vivemos os dias atuais – mas acredito que pela vida que vivemos, pelos exemplos que deixamos, pelos valores que passamos adiante, sim, ainda vejo esperança. Posso não estar lá para desfrutá-la, assim como Pedro II não desfruta de nossas comodidades atuais, mas se conseguirmos deixar uma marca nossa que ecoe além de nós, já teremos contribuído para a construção desse futuro.