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Diário de Bordo

causos, cotidiano e pensamentos

Contratos nômades

30 de mar de 2024

Uma coisa que vem me incomodando bastante de tempos em tempos é essa moda imposta pelas grande empresas, em especial as de tecnologia e serviços 'gringas' de fatiarem pouco a pouco nossa privacidade e liberdade de escolha.

Os famosos 'termos de serviço' que quase ninguém lê costumam mudar e tempos em tempos, quase sempre de maneira sorrateira e ardilosa, incorporando condições e restrições não presentes naquele momento quando nos cadastramos ou assinamos tal serviço.


A Alphabet, dona do Google, já mudou as regras do serviço inúmeras vezes ao longo dos anos, principalmente da sua plataforma de vídeo, o YouTube. Bastando ao usuário apenas continuar usando o serviço para demonstrar aceitação às mesmas, como se houvesse outra escolha.

Mas ainda há situações mais sombrias e absurdas que parecem coisa de ditadura norte-coreana.
É deste caso que tratarei hoje.

Há alguns anos que estava mantendo um VPS (Virtual Private Server) de baixo custo onde hospedava, entre outras coisas, este blog, minha página de portfólio pessoal e um servidor Matrix, no serviço de VPS norte-americano Vultr, por ser de baixo custo e com interface amigável. Foi o primeiro onde criei cadastro e com ele fui adquirindo experiência com servidores Linux.

O problema é que a Vultr recentemente modificou seus termos de uso para incluir uma cláusula tirânica e sem a menor oportunidade de podermos acessar nossa conta sem antes aceitar a mudança.
Repetindo pra deixar mais claro. A Vultr congelou o acesso à conta dos usuários, a.k.a. clientes pagantes, até que os mesmos aceitassem ser regidos pelos novos termos de serviço.

Eis a principal e mais preocupante alteração:

Por meio deste você concede à Vultr um direito global e não exclusivo, perpétuo, irrevogável, livre de royaltes, completamente pago (que inclui os direitos de licenciar por diversos canais) de uso, reprodução, processo, adaptação, publicidade, realizar trabalhos derivados, publicar, transmitir e distribuir cada um dos seus conteúdos, ou partes deles, em qualquer formato, mídia ou método de distribuição conhecido ou que venha a ser criado, conhecido ou desenvolvido, e de qualquer outra forma usar e comercializar o conteúdo de usuário de qualquer maneira que a Vultr achar apropriado, sem nenhum consentimento, aviso e/ou compensação prévios para você ou qualquer parte envolvida, para fins de fornecer os serviços a você.

Traduzindo: "Nós vamos pegar o que bem entendermos que pode nos dar lucro do que você nos PAGA para hospedar e você não tem nenhuma escolha nisso. É pegar ou largar."

Para ser justo, esta alteração ocorreu em dezembro de 2023, mas apenas ontem, 29 de março de 2024, fiquei sabendo dela pelo canal do Louis Rossmann.
Afinal de contas, como o próprio Louis disse no vídeo, não é todo mundo que para horas para ler as quase infindáveis páginas de um (1) simples contrato de termos de uso.

Hoje os termos de uso já não incluem essa alteração absurda. Acredito que devido à repercussão negativa que trouxe para a empresa. Mas como a qualquer momento ela pode mudar os termos de serviço, principalmente sequestrando nossos dados até que os aceitemos, decidi retirar todo meu conteúdo hospedado de seus servidores e voltar a hospedá-los domesticamente. Pelo menos por enquanto.
A vantagem em manter tudo hospedado remotamente era de poder continuar com os serviços, principalmente de mensagens, operando durante alguma queda de energia. Mas ao que parece terei que abrir mão desse conforto por um tempo em prol da privacidade e segurança dos meus dados. Já me basta o governo vazando dados pessoais de tempos em tempo. Não preciso que uma empresa 'gringa' venda ou negocie os meus enquanto ainda recebia de mim USS6,00 por mês.

Bye, Vultr!

Tags: privacidade, tecnologia, liberdade, internet