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Diário de Bordo

causos, cotidiano e pensamentos

A Cultura do Descartável

10 de jul de 2022 — Henrique

Já teve algum produto sem fio? Um fone de ouvido, um joystick, um controle remoto, uma furadeira, etc?

Sabemos que esses e outros dispositivos que necessitam de energia para funcionar fazem uso de algum tipo de bateria, sejam recarregáveis ou descartáveis.

Com o tempo foi se popularizando mais e mais o uso de alguns dispositivos recarregáveis e sem fio, conectados via bluetooth, principalemnte após a Apple forçosamente, sob o pretexto da "evolução" das coisas, eliminar a entrada de fones de ouvido dos seus telefones.


Embora seja cômodo não ter a limitação de fios, o outro lado da moeda não pôde ser identificado logo de cara, nem mesmo após tantos anos de sua imposição: baterias tem vida útil. Podemos até estar muito satisfeitos com nosso dispositivo, mas o dia chegará onde sua fonte de armazenamento de energia pedirá arrego! E muitos desses produtos, vendidos a preços bem salgados aqui em Banãnia, foram pensados para serem descartados após, pois a troca da bateria teria um custo muito alto, se mesmo fosse possível, uma vez que para se trocar esta é necessário praticamente "quebrar" o dispositivo, principalmente os mais compactos.

A Apple, cultuada por muitos e anunciada como "amiga do meio ambiente", muitas vezes recore à troca do aparelho por inteiro ao invés de investir em pessoal capacitado para o reparo. Se essa é a política da empresa para a linha de produtos principais, o que dizer então dos seus acessórios? Vendidos a uma pequena fortuna, mesmo para os padrões norte-americanos!

As vezes sinto que essa cultura de descarte se tornou tão comum hoje em dia que ninguém, ou quase ninguém, investe tempo em buscar consertar aparelhos e trocar uma bateria quando possível. E isso é dificultado pela própria empresa por trás de tais produtos. Quantas e quantas vezes eu ouvi falar que tal coisa não tinha conserto e que era lixo. Muitas vezes! Só para me deparar, anos mais tarde, com canais de YouTube onde profissionais de eletrônica e/ou elétrica combatem esse mal provando que o conserto, além de possível na maiora dos casos, é bem mais barato!

Acho que as pessoas, por verem o celular como uma extensão do próprio ser, se acostumaram tanto com a forma das empresas do setor sempre buscam apresentar (forçar) uma novidade anualmente, que expandem isso para outros aspectos da vida.

Pode ser apenas uma impressão, ou um fator do qual me senti vítima, mas parece que o descarte transcendeu o uso de eletrônicos e chegou nas relações interpessoais, pois depois de 2018 me senti um eletrônico antigo e sem uso, pelo tratamento recebido de quem sempre se dizia meu amigo(a). Acredito que por conta de ter desenvolvido uma visão própria sobre a política de 2014 até então, essa que entrou em choque com a visão que eles tinham. Embora nada me fosse dito, nada me fosse arguido, simplesmente houve uma certeza generalizada de eu merecia o exílio social por não pertencer a mesma torcida organizada de um malvado preferido. De início isso me surpreendeu, pois aprendi a confiar em algumas dessas pessoas, mas com o passar do tempo percebi que nunca houve de fato uma amizade, pois se houvesse não seria necessário esse tratamento. E como não podia exercer a mínima tentativas de reconciliação, aceitei tal exílio seguindo com minha vida.

Porém vez ou outra, mesmo que mais raramente a cada dia, lembro dos momentos onde me permiti ficar em desvantagem para ajudar ou aliviar a carga daqueles que um dia se diziam amigos.

Culpa da Apple? Da política? Não sei, mas...
Vida que segue.